Mentoria reversa: você já aplica na sua empresa?
Se a resposta foi não, falta mais diversidade e escuta entre seu time de colaboradores.
Por Alberto G. Martins*
Hoje (um sábado) acordei para minha rotina de atualizações e inspirações nas redes sociais, publicações e grupos de WhatsApp que não dei conta durante a semana. Em menos de uma hora fui impactado por duas publicações – um artigo escrito pelo publicitário Luca Scarpelli, do canal Transdiário, publicado na Exame, e outra, um podcast do Freestyle, onde German Carmona, Lucio Ribeiro e Daniela Cachich bateram um papo inspirador com Fiamma Zarife, diretora geral do Twitter Brasil.
As duas publicações andam por caminhos distintos, mas acabam convergindo em cruzamento muito interessante quando abordam o tema da ‘mentoria reversa’. Confesso que não tinha me atentado para essa importante prática nas corporações, mas entendi como um sinal. Rapidamente chamei a Aline Silva, que estava na Espanha curtindo o aniversário do filho de cinco anos na beira do rio Avia, em Leiro, mentora nas áreas de Turismo e Hospitalidade para entender um pouco mais sobre o assunto. Vale ressaltar, que, por definição, mentoria é um processo de facilitação para tomar decisões. Segundo Aline, “o processo de mentoria, muitas vezes, não te entrega resultados. A mentoria faz as perguntas certas, análises e reflexões para a tomada de decisão”. O mentor, continua ela, “é a pessoa que te ajuda e dá suporte, trazendo insights, questionamentos e ideias que, trabalhando sozinho num projeto ou repensando algum negócio, você tem mais dificuldade para encontrar respostas”.
Se o mentor te traz clareza, quem melhor para te ajudar a entender a complexidade do mundo atual senão os jovens multiconectados e lançadores de tendências? No último evento organizado pela B4Tcomm, o Travel & Lifestyle Summit, nós discutimos a importância de estudar e entender as gerações. Mas será que estamos aprendendo com as novas gerações tudo que deveríamos?
No artigo do Lucas, na Exame, a certa altura vemos uma objetiva explicação do que se trata a mentoria reversa: (…) “Colocar pessoas de gerações mais novas, que fazem parte de grupos identitários ou minorizados, como LGBTQI+, pessoas negras, PCDs, para ENSINAR os funcionários mais velhos. Imagina só uma empresa que consiga ter a humildade de aceitar que a estagiária tem muita coisa valiosa para ensinar à diretoria?” No Freestyle com a Fiamma, ela conta como foi a primeira vez que chamou um estagiário do departamento jurídico para saber dele o que gostava, ouvia etc e essa prática acabou sendo implementada sistematicamente no Twitter Brasil.
Já passou da hora de levarmos, de fato, a multiculturalidade para dentro das empresas e estimular a comunicação horizontal entre os pares. É preciso escutar e entender opiniões, valores, aspirações e dores de quem é diferente da gente. Quer começar a mudar? Então comece respondendo à pergunta do Lucas Scarpelli: “Quantos homens brancos hetero-cis de classe média-alta vão ceder seus lugares para que a gente possa entrar?”
Alberto G. Martins é Diretor da B4Tcomm, agência butique de comunicação especializada em Turismo e Hotelaria, desde 2007.
É formado em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas, pela Universidade Anhembi Morumbi, e pós-graduado em Gestão Mercadológica em Turismo e Hotelaria pela ECA/USP. Também é palestrante e professor de cursos relacionados à área de Marketing e Comunicação Corporativa.